Às 10 da manhã do dia 20 de janeiro de
1985 um Boing 747-200 da Varig, procedente de Nova York, pousa no
Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos, inaugurando oficialmente
suas operações. É o início de uma longa história ou de várias histórias
de muitas pessoas que passaram grande parte de suas carreiras, de suas
vidas neste gigante. Na virada do dia 14 para o dia 15 de janeiro de
2013 a Infraero deixa oficialmente o Aeroporto, passando-o à iniciativa
privada, embora ainda com 49% de suas ações. Embora não seja o fim do
aeroporto, é um marco significativo na vida de centenas de funcionários
da estatal e no transporte aéreo brasileiro. Alguns estavam trabalhando
aqui há mais de 28 anos, literalmente ajudaram a construir tudo isso,
carregando paus e pedras. Mesmo com todas as dificuldades, caos aéreo,
superlotação, os trabalhadores da Infraero enfrentaram tudo isso,
garantindo o pleno funcionamento do aeródromo. Se hoje era para termos
uma infraestrutura de maior porte, com pátios satélites, equipamentos
mais modernos, terminais mais espaçosos e uma operação mais eficiente,
certamente a responsabilidade não pode recair sobre o trabalhador comum.
Este se virou como pôde, saiu cedo de casa e trabalhou com o que lhe
foi oferecido. Infelizmente na cultura política deste país ainda
predomina o nepotismo, a troca de favores, a corrupção, o uso da coisa
pública para benefício individual. O TCU teve de embargar diversas obras
que ficaram paralisadas até hoje por conta de superfaturamento.
Licitações eram dispensadas com a desculpa de que as obras eram de
emergência, como no Terminal 4 da construtora Delta. Após a saída dos
militares do comando da Infraero, algumas coisas mudaram. Não havia mais
meritocracia na distribição dos cargos, provas, pontuações, histórico,
isso não mais era relevante. Nepotismo, relações sexuais ou amorosas,
maçônicas, troca de favores, segredos descobertos era o que a rádio-peão
denunciava. Por conta disso há ainda entre muitos trabalhadores mais
antigos um saudosismo em relação à administração militar. Mas ainda
assim, o peão continuava a organizar as filas, balizar aeronaves, cuidar
do que era do povo. Carregou o aeroporto nas costas.
Alguns, como eu, continuarão suas carreiras em outras
dependências. Outros, uma minoria, se propuseram a trabalhar para a
concessionária. Muitos, no último instante, optaram por permanecer na
Infraero. Alguns ainda então se aposentando e aderindo ao PDITA. Seja
qual for a opção de cada um, desejo que, dentre as escolhas possíveis,
ela seja a melhor possível, que atenda melhor a expectativa de cada um.
Já trabalhei alguns anos para o setor privado e particularmente tenho
meus motivos para desconfiar de sua seriedade e compromisso com o
trabalhador. Em relação à Invepar, após assistir às negociações
sindicais, o modo de distribição de cargos e salários e o tratamento
dado aos trabalhadores, tanto ao mais baixo na hierarquria, quanto ao
mais alto, que teve de renunciar boa parte de seu tempo de não trabalho,
aquele que passava com a família e amigos, para ficar à disposição da
empresa, sem horário definido, fez meu pessimismo aumentar ainda mais.
Não convém julgar a decisão de cada trabalhador, cada um tem um motivo
particular para a tomada de decisão. Aos que suspenderam contrato com a
Infraero, que use este período de 18 meses para se certificaram do que
realmente querem. Aos que sempre trabalharam com ética e souberam
cativar amigos e respeito, seria muito bom tê-los como colegas de
trabalho novamente na Infraero. Já aos que preferiram delatar os colegas
para receber algum benefício, assediaram moralmente, têm dezenas de
reclamações sindicais, tiraram ou deram cargos de confiança com base em
critérios duvidosos, desejo que estes continuem na concessionária.
Quanto a este blog, gostaria de considerar alguns fatos. Ele foi criado
no final de julho do ano passado. O intuito de sua criação era
preencher uma lacuna que havia de expressão de opiniões, um espaço
democrático onde todos pudessem opinar sem a obrigatoriedade da auto-identificação, evitando assim perseguições de chefes ditadores. Neste
tempo publicamos 31 postagens e 183 comentários, atingindo quase 8000
visitas. A enquete mostrou que pouco mais da metade não estava
interessada em sair da Infraero, independente do salário. Alguns só
sairiam se o salário oferecido fosse consideravelmente acima do recebido
pela estatal. Vendo os número hoje dos que permaneceram na estatal e os
que foram para a concessionária e os salários oferecidos, a pesquisa se
mostrou eficaz. Tanto que teve de ser realizado o chamamento 7
oferecendo mais de 1000 vagas para suprir esta demanda. As discussões no
Facebook, neste blog, nas assembléias do sindicato e reuniões com a
concessionária mostraram que o trabalhador não é objeto de manipulação.
Muito pelo contrário, o senso crítico da categoria e entendimento do
processo como um todo pôde superar aos daqueles que visaram apenas
ludibriar os trabalhadores. Este espaço continuará público e aberto aos
novos temas e discussões. Qualquer um pode escrever uma postagem,
anônimo ou não, e enviar para csclay@gmail.com.
Foi um imenso prazer e aprendizado estes 6 anos que permaneci neste
aeroporto. Agora é importante nos adaptemos às mudanças e desafios que
se apresentarão a partir de agora. Um agradecimento especial ao Zé Carioca, ao Eduardo Odraude, à Simone Carvalho e todos que ajudaram na construção deste espaço. Sucesso à todos!
Clayton Rêgo
Toda informação é necessária, o seu texto resume toda uma vida, algumas como a minha de dois anos e pouco, outras chegam até 30 anos, é com pesar que deixo Guarulhos, pelos amigos e sim pelo local, amo aquele lugar, mas Infraero foi uma escolha e não seria "eu" se ficasse, para estar em um lugar, eu preciso acreditar nele, eu preciso vestir a camisa, da Infraero falem o que quiserem, eu conheço o meu trabalho, eu faço, eu só tenho a agradecer tudo que a empresa me proporcionou, eu busquei estar lá e enquanto Deus permitir é lá que estarei. Estarei sempre neste espaço e desejo que ele cresça cada dia mais...Parabéns Clayton, parabéns aos colegas que participam, mesmo que pra dar uma espiadinha, como diz a amiga Rita de Cassia, Bjs no coração
ResponderExcluirApós 27 anos de trabalho em gru estou indo para curitiba e me coloco muito bem no comentário da colega simone,aqui me despeço de todos sem levar mágoa de nimguem ... aqueles que eu não consegui atingir com simpatia eu sinto muito,aqueles que conviveram comigo e souberam me coompreender agradeço,aqueles que estiveram ombro a ombro comigo e que me ajudaram muito em importantes momentos da vida,o meu abraço especial, vai meu abraço para os amigos de sempre,Vieira,LULA da CCP,DIAS da CCP...esses são alguns que lembrei agora,mas mesmo aqueles que por um motivo ou outro não tivemos grandes proximidades deixo meus votos de toda sorte do mundo , pois todos precisamos disso agora,Clayton PLINIO,JOÂO APARECIDO...enfim todos vocês tem um lugar na minha memória e com certeza na historia desse aeroporto,foi um prazer e uma honra ter convivido com voces todos esses anos,um abraço no coração de todos e até sempre que DEUS nos ilumine e proteja á todos,do amigo de sempre MAURICIO SILVA DOS SANTOS,tel res.(11)4966 5002, cel.(11)96205 _5452,sempre á disposição
ExcluirEu tinha apenas 6 anos em Gru e confesso que não é fácil deixar esse lugar após fazer boas amizades, conhecer tantas histórias de tantas pessoas. Imagino após 27 anos o que isso representa. No começo te achei bastante antipático, carrancudo, de personalidade forte. Mas com o passar dos meses fui vendo que era uma pessoa bacana de se trabalhar, conversar ou tomar cerveja. Sucesso na sua nova vida em Curitiba em um grande abraço, Marício.
ExcluirSimone, você era a camisa da Infraero sob aquele colete caneta verde fluorescente - e reclamávamos do amarelo. Dava para notar seu espírito crítico, mesmo sendo uma das "novinhas". Você, o Leonardo, a Dani, os três novinhos... Dava orgulho de ver a convicção de que não trocariam jamais a Infraero por essa coisa que tomou conta do que era a nossa casa. E cada dia que passa vamos notando que essa era a decisão mais coerente. Parabéns pela atitude e um grande abraço!
ExcluirE no SINA noticia de 08/02 e o dono do blog nem comentou o acordo coletivo fechado as pressas sem a a presença dos funcionarios da Infraero que iriam ficar,
ResponderExcluirOu seja, farinha do mesmo saco.
08/02 - SINA
ACT’s com GRU Airport e Aeroportos Brasil-Viracopos são assinados
hoje é dia 16/02,ou seja, 8 dias sem nenhuma noticia importante ,sendo que estavam acontecendo muitas noticias importantes no TPS em relação á Infraero e nada de noticia nova no SINA ,fora que o dono do BLOG nem comentou o ACT fechado sem escala.
Caro anônimo,
ResponderExcluirSempre ficamos com notícias de segunda mão. O SINA tinha ciência do chamamento 7, mas omitiu a informação, fazendo com que muitos aceitassem vagas em localidades inóspitas e ficassem excluídos das novas vagas. O ACT coletivo apreciado para deliberação não foi muito diferente das propostas apresentadas pelo diretor administrativo financeiro, que fora exposto e comentado neste espaço, por isso me abstive de mais comentários redundantes. O ponto mais polêmico não foi apresentado, que são as escalas. Apenas que são 40 horas semanais. Mas todavia já é algum avanço.
Vou ratificar que todos podem comentar neste espaço, inclusive sobre o ACT.
Agora caro anonimo só gostaria de saber quando que o SINA jogou limpo com nós funcionários, sempre fez de tudo pelas nossas costas e olha que eu sou Sindicalizado.
ResponderExcluirMuitas das situações as quais fomos e estamos sendo obrigados a passar passou pelo crivo do SINA sem que ninguem soubesse, teve mudanças no nosso acordo coletivo que agora nós que vamos mudar de estado é que estamos tomando ciencia.
A prova maior de tudo que eu estou escrevendo é que mesmo o Sindicato batendo no peito que essa Concessão não sairia eles mudaram o estatuto para poder abraçar essas novas empresas, e para por fim quem pode opinar na votação do Acordo coletivo são os funcionários que ja fazem parte da Empresa e os Infraeros que ficaram só passaram para a GRU no dia 15/02. Entende-se então ........
Olá grande amigo. Fantástico o seu texto. Traz com muita propriedade tudo ou quase tudo que vivenciou cada um que fez parte da história de Guarulhos. Só sinto tanto pela divisão imposta, divisão essa que separou equipes, colegas, amigos e famílias. Foi uma honra ter trabalhado com tantas pessoas, inclusive você, com grande potencial balizado na verdade, na ombridade, no justo, no correto, no ético, na moralidade, na fé, na esperança e todos voltados para uma relação de amizade verdadeira independente de pequenos conflitos e divergências de opiniões trabalhistas. Espero um dia ainda ver o seu nome a frente de grandes instituições ou governo fazendo o que você gosta e pra isso tem se preparado que é discutir, debater, pensar, raciocinar e trazer a luz os assuntos que fazem com que todos sejam melhores a partir de um momento que param e pensam sem se deixar levar simplesmente por essa ou aquela organização sindical ou empresarial. Felicidades a todos. Até breve. A você Clayton Rego meu respeito e admiração pela coragem, pela postura e pela iniciativa. Um grande abraço de seu amigo Zé Carioca.
ResponderExcluirOlá, Zé. Primeiramente agradeço aí pelos elogios e hipérboles. Depois quero agradecer pela contribuição neste espaço, sempre trazendo informações e análises construtivas e às vezes polêmicas, mas todavia necessárias para um debate democrático. Seu conhecimento adquirido através de sua longa experiência foi muito útil para todos os leitores deste espaço e creio ter ajudado na tomada de decisão de muitos aqui. As críticas dirigidas à concessionária hoje se mostram mais do que pertinentes e até brandas perto do modelo de gestão de pessoas que adotam. Membros do alto clero da Infraero também se tornaram famigerados, mas isso porque a maioria de nós aqui, gostaríamos de ver uma empresa como essa livre desses chupins ditadores e irresponsáveis. Torço para que todos eles fiquem na GRU definitivamente. Outros ainda teremos o desprazer de ver andando com arrogancia nos saguões dos aeroportos do povo, e os puxa-sacos mandando limpar as salas às pressas por onde passarão. As críticas ao sindicato e seus membros são justamente porque gostaríamos de ver essa instituição mais atuante, crítica, um sindicato mais perto dos trabalhadores. E se não quiserem aceitar críticas, então saiam do cenário político. Até agora nenhum criticado, Jordão, Marçal, Lemos, Alberto, Bellini ou Gomes Santana veio se queixar a mim do conteúdo do blog, embora este último do dia para a noite trocou os sorridentes cumprimentos por uma expressão fechada e carrancuda - ainda bem que eu já não era mais fiscal de pátio.
ExcluirEnfim, espero que continuemos a debater, neste ou noutros espaços, ajudando por pouco que seja, a construir um lugar melhor. Grande abraço - Clayton Rego
Ainda bem que eu nem preciso mais olhar para a cara de muitos desses
ResponderExcluirEita povo arrogante da GRU, chegaram praticamente ontem no aeroporto se achando com imposição de regraXXX ( carioca) e muito blá blá blá. Agora arrogância é o que destaca no saguão do aeroporto com esses supervisores novos que querem se destacar a cada custo, achando que pode manda em qualquer funcionário mesmo não sendo da equipe deles e um certo abuso de autoridade.
ResponderExcluirOutro dia uma menina do balcão de informações foi demitda por discutir com um ''grandão da Gru'' sendo que nem da área dela ele era. O mesmo dias depois passou nos balcões cantando algumas meninas prometendo migrá-las para a Gru.
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