Apresentação das propostas do ACT e, com muita insistência, das escalas.

          Hoje, aos 14 dias do mês de janeiro, ocorreu a primeira palestra da Invepar para divulgar aos funcionários da Infraero sua proposta de Acordo Coletivo. Ao menos na reunião da manhã havia poucas pessoas, algo em torno de 30 no máximo, por isso foi passível fazer bastantes perguntas. O número reduzido poderia também expressar o desinteresse da categoria em relação a assuntos inerentes a esse grupo? Quem expôs a proposta e a si próprio foi o diretor administrativo financeiro Abreu.
          Logo no início este falou que exporia o que a empresa considera como justo. Obviamente que noções de "equivalente", "justo" e "proposta" são um pouco diferentes entre funcionários, sindicato e concessionária. Deixou claro também que não prorrogará contrato com a Infraero após 15 de fevereiro e que, independentemente de se chegar a um ACT com o SINA antes desta data, assumirão o aeroporto de qualquer forma. "Não tem como comparar Infraero e Concessionára" disse o diretor. E nisso ele tem razão, felizmente, como bem sabem os colegas que pretendem ficar na estatal. Antes de entrar nas cláusulas, gostaria de esclarecer alguns pontos discutidos. Questionamos várias injustiças, ou que entendemos como tais. A primeira delas foi a falta de critério de remuneração de cargos diferentes, citei como exemplo um "land side" (seja lá o que fazem de importante, que até agora não descobri, uma vez vi um olhando no interior de uma lata de lixo, procurando o quê eu não sei; bombas? dinheiro? latinhas para reciclar?) ganhar R$ 3500,00 reais, um operador de COA R$ 2500,00 e um fiscal de pátio R$ 1800,00. Abreu disse que não sabia do valor destes salários e respondi que ele deveria saber (já que está aqui para esclarecer estas perguntas). Estes e alguns outros questionamentos sem resposta plausível claro, foram respondidos da seguinte forma: "Podemos, podemos ter cometido alguns erros, que não serão reparados agora, mas não significa que no futuro não serão revistos". Questionaram também que, se a empresa almeja mudanças, qual o motivo de terem contratados chefes da Infraero (o exemplo citado foi operações) autoritários e arbitrários - os tais feitores -  que coagem seus funcionários? O diretor argumentou que a empresa não permitira mais que agissem dessa forma, que passariam por uma mudança, mas que não tinham pessoas no mercado para contratar no momento. É difícil acreditar que chefes assim, que usaram o chicote por mais de 20 anos possam se regenerar, arrepender-se dos pecados, deixo essa tarefa aos menos céticos. "Questionei também sobre alguns pseudo chefes oriundos de companhias aéreas ou mesmo do Rio de janeiro. Por quê enxertá-los aqui sendo que há pessoas na Infraero com muito mais experiência e competência, que já conhecem a rotina do serviço e do aeroporto? "Cuidado quando você fala sobre pessoas sem experiência, cuidado!" e apenas se limitou a dizer isto. Interpreta-se que o funcionário considera que a experiência de chefia pode ser exercida em qualquer lugar, independente se o sujeito não sabe a diferença entre imigração e emigração e acha que os divisores de fluxo chamam "postinhos". Que os passageiros (uma estimada colega minha os chamam de "ficageiros") não podem nem sentar no chão, como não permitem nas estações de metrô (o sujeto perde uma conexão, tem de esperar por horas para fazer o novo check-in e vai sentar onde, minha filha? Na sua cabeça? No lombo de um jegue? Desde quando tem bancos pra todo mundo? E jegue então?). Sem mais comentários. Vamos logo às cláusulas:

- AUXÍLIO COMBUSTÍVEL - Extinção. Quem vier de carro só tem o direito de usar o estacionamento, que será controlado. A gasosa é por contado peão. Ou então, como disse uma vez o então Presidente da República, o General Figueiredo, questionado sobre o aumento excessivo da gasolina; "O brasileiro está mal acostumado, tem que aprender andar à cavalo".

- FRETADO - Deve continuar, mas não soube dizer quais linhas serão mantidas. Algumas com poucos funcionários devem ser extintas. Acorda mais cedo e vem de busão.

- VALE TRANSPORTE - Por lei tem de haver. Os descontos serão sobre o valor do benefício. Quem ganha até R$ 3000,00 terá descontado 3%; de R$ 3000,00 à 5000,00, 5% e os demais 6%.

- VALE ALIMENTAÇÃO - corresponde à nossa Cesta Básica, R$ 90,00 para quem ganha até R$ 3000,00. Para os demais, usa o Master Card, Visa, pede fiado.

- VALE REFEIÇÃO - 22 vales de R$ 30,34 ao invés dos 25 atuais. Durante as férias ou afastamento, segundo o diretor, receberíamos normalmente. A operadora é a Visa-Vale, que mudou de nome e não sei como se chama. Os percentuais de desconto é como no VT.

- BÔNUS DE NATAL - o chamado vale peru, que a Infraero há pouco tempo passou a pagar mensalmente. Nem foi citado, o que deve ser extinto.

- INCENTIVO AO ESTUDO - Extinção.

- PROGRAMA DE APRENDIZADO DE LÍNGUAS - Caso venha a ter, não será gratuito como ocorre hoje na Infraero.

- ANUÊNIO - Extinção.

- PLANO DE SAÚDE - A operadora é a Amil. Haverá 4 modalidades de planos, que custará mensalmente ao funcionário entre R$ 22,23 e 112,64 por dependente, conforme o plano escolhido. Cada consulta custará R$ 10,00 e reembolsos variam entre R$ 47,27 e R$ 190,28, de acordo com o plano.

PLANO ODONTOLÓGIO - Também Amil. Custará mensalmente R$ 10,80 por dependente. Não cobre implantes (o dentista aplicará a tabela Amil neste caso) e não possui reembolso. Ou então o sujeito fica banguela.

AUXÍLIO CRECHE - Será mantido

ADICIONAL NOTURNO - 30%.

INFRAPREV - Mantém igual por determinação do edital.

ADICIONAL DE PERICULOSIDADE OU INSALUBRIDADE - Está sendo avaliado quais áreas serão contempladas. Toda empresa briga ou brigou para não pagar e não há motivos para achar que será diferente com a Concessionária.

ESCALA - Vale ressaltar aqui que o diretor evitou ao máximo falar deste assunto. Dizia apenas que "não está definida". Os funcionários pediam para que fizesse uma simulação de mais ou menos como poderia ficar e novamente saída pela tangente. Depois de exaustiva insistência, quando pedi para que expusesse o modelo apresentado na reunião de sexta-feira aos encarregados e coordenadores soltou: A escala 3x2 da Infraero não será mantida. A escala mais provável será uma que alterna 4x1 e 3x1 com uma dobradinha a cada 21 dias. Isso mesmo, a cada 3 semanas ou invés dos 3 dias que hoje possuíamos. Detalhe: 8 horas de trabalho, sem contar o "meia zero" (atualmente quem trabalha por escala em SBGR tem no máximo 7 horas, pois uma é intervalo). Este é o calcanhar de Aquiles do ACT, por isso o jogo de esconde-esconde. Mais tempo no trabalho e menos com a família e amigos.

Uma pergunta relizada: Haja visto o histórico de privatizações no país em que as concessionárias muitas vezes assumiram em edital o compromisso de estabilidade dos funcionários, como está sendo feito agora, mas na prática os demitiram. Uma ação trabalhista como esta pode levar dez anos ou mais. Vocês possuem algum diferencial que ofereça mais confiança aos funcionários?

Resposta: "É uma opção do funcionário não confiar no compromisso da empresa".


ESTADÃO:

ELES QUEREM FAZER O AEROPORTO VIRAR SHOPPING DE LUXO
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,eles-querem-fazer-o-aeroporto-virar-shopping-de-luxo-,981248,0.htm

-