Obviamente esta lista não contenta a todos, pois há um número insignificante de vagas nos aeroportos próximos a Guarulhos como São José, Congonhas e Campo de Marte, além da Regional. O que fazer com os funcionários que não querem e/ou não podem se mudar e pretendem continuar na Infraero? Onde estão as vagas em SBSP que seriam provenientes da desterceirização da inspeção de bagagem de mão e estacionamento? De certa forma, pode-se dizer que muitos funcionários vivem uma situação bastantte dramática. Há ainda o agravo de que a concessionária só se manifestou na contratação de poucos gerentes e coordenadores até a presente data.
Nesta útima semana houve reunião entre as concessionárias e o SINA para tratarem da execução do ACT, cujo resultado ainda não foi divulgado. Para os que pretendem avaliar um eventual contrato com as concessionárias este documento é de extrema importância e deve ser analisado esmiuçadamente. Porém, fica difícil ter grandes expectativas em relação a uma empresa que praticamente não se manifestou sobre as contratações da quase totalidade dos funcionários, não se interessou na execução do ACT - como se queixou o SINA na coluna Turbulência e sofre graves críticas em relação a administração de seus linhas de metrô no Rio por conta dos constantes atrasos dos trens. Na administração privada há o estabelecimento de objetivos e metas para a consecução dos resultados (leia-se lucro), até aí nada fora do comum, mesmo porque nas públicas os resultados também são importantes, que não precisa ser necessariamente o lucro, como um hospital, uma creche, uma universidade etc. Nestes casos a meta é o bem público. Mas o ponto é que, frequentemente este estabelecimento de metas e resultados individuais acaba servindo de intrumento de pressão e coação. Quem já trabalhou com vendas ou telemarketing sabe bem o que estou falando. Você vale o quanto propicia de lucro ao patrão. É mais fácil ou mais lucrativo substituir um funcionário que passa por algum problema e não rende o esperado do que recuperá-lo, chamar assistente social e aquela coisa toda. Expor idéias que muitas vezes não agradam aos chefes (convencionou-se chamá-los de líderes hoje em dia) pode não ser muito bem visto. O fato é: No edital diz que se deve dar estabilidade ao funcionário por cinco anos. Mas como celebrar o casamento entre a estabilidade e o resultado? Simplesmente as duas coisas não combinam. Quais poderiam ser as formas alternativas de "castigar" o empregado? Transferi-lo para o metrô do Rio? Para uma estrada na Bahia? Ou para a Raposo Tavares obrigando o pobre do funcionário a enfrentar horas de trânsito por dia até que ele "peça pra sair"? Ou então o colocando em funções tão enfadonhas que seu trabalho se torne insuportável?
Levanto estas questões, com exagero ou não, para que possam ser refletidas antes que supostamente aconteçam. É preciso pensar em todas as possibilidades para evitar arrependimentos. Sabemos que a administração da Infraero, assim como as das empresas públicas de forma geral, precisa ser modernizada e isso requer uma reconfiguração estrutural de modo a acabar com muitas injustiças, morosidades e corrupção que hoje ocorrem. Entretanto, o lado oposto, o do capital privado, de forma mais geral está e sempre esteve muito longe ao longo da história de representar os interesses daqueles que não possuem a propriedade, a posse do capital, daqueles que precisam vender unicamente sua força de trabalho. É preciso ponderar os dois lados antes de qualquer decisão.
Para quem pretende ficar na Infraero e ser transferido de cidade, a revista Exame divulgou nesta quarta-feira, 10 de outubro, um ranking das 50 cidades mais violentas do mundo. http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/brasil-tem-14-das-50-cidades-mais-violentas-do-mundo. Destas, 14 estão no Brasil sendo Maceió a terceira mais violenta do planeta. Vale a pena confeir:
Posição no ranking | Cidade | Estado | Homicídios por 100 mil habitantes |
---|---|---|---|
3º | Maceió | AL | 135,26 |
10º | Belém | PA | 78,04 |
17º | Vitoria | ES | 67,82 |
22º | Salvador | BA | 56,98 |
26º | Manaus | AM | 56,21 |
27º | São Luís | MA | 50,85 |
29º | João Pessoa | PB | 48,64 |
31º | Cuiabá | MT | 48,32 |
32º | Recife | PE | 48,23 |
36º | Macapá | AP | 45,08 |
37º | Fortaleza | CE | 42,90 |
39º | Curitiba | PR | 38,09 |
40º | Goiânia | GO | 37,17 |
45º | Belo Horizonte | MG | 34,40 |
Interessante que Rio de Janeiro e São Paulo não aparecem entre estas 50. Pelo menos não quando o índice é número de homicídios (acho que em 2006 a situação para São Paulo não seria tão confortável). Conclui-se que a mídia dramatiza muito acerca principalmente do Rio.
Espero que de alguma forma estas informações possam ser úteis neste momento tão delicado que passamos.
Clayton Rego