Guarulhos,
10 de setembro de 2012
À
Superintendência - SBGR
Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos Governador
André Franco Montoro
Assunto: Manifesto contra o ato que destitui do cargo de
encarregado de pátio o Sr. Rubens Aparecido
da Silva Plinta
Nós, membros
ativos da Gerência de Operações da Empresa Brasileira de Infra-estrutura
Aeroportuária lotados em SBGR, vimos através deste manifestar nossa categórica
contrariedade ao recente comunicado que destitui do cargo de encarregado de
pátio o Sr. Rubens Aparecido da Silva Plinta.
Entendemos
que a administração da empresa pública deve ser motivada pela ética e pelo
profissionalismo, alocando da melhor maneira possível os recursos disponíveis e
promovendo os profissionais pela sua capacidade comprovada por anos de
experiência e reconhecimento de seus subordinados diretos. Entendemos ainda que
o Sr. Rubens possui todos os atributos necessários para a ocupação do cargo de
encarregado e que o mesmo o conquistou devido a sua capacidade profissional,
passando por todos os processos formais exigidos.
Devido o
caráter aparentemente arbitrário da decisão comunicada pelo Sr. José Carlos
Gomes de Santana, solicitamos que este ato seja revogado ou que, no mínimo,
sejam apresentadas à toda a equipe de operações as justificativas plausíveis
que tornam legítima esta decisão, posto não ser de nosso conhecimento qualquer
motivo que justifique a mesma.
Atenciosamente,
Equipe de Operações SBGR
Esclarecimentos
sobre o manifesto
Faz-se conveniente alguns esclarecimentos sobre este
documento a fim de que sua motivação seja esclarecida, evitando desta forma
interpretações equivocadas.
Nesta
última sexta-feira os fiscais de pátio tomaram ciência de que o Sr. José Carlos
Gomes de Santana, coordenador da GROP-1, havia verbalmente destituído o Sr.
Rubens Aparecido Da Silva Plinta de seu cargo de encarregado de pátios. Não que
este pretendesse criar um clima de hostilidade entre os fiscais e o
coordenador, mas era inevitável comunicar e explicar a toda a equipe que não
seria mais encarregado e os motivos de tal fato.
O
teor da conversa entre o Sr, Santana e o Sr. Rubens foi esboçado brevemente por
este e concluímos que não era motivo suficiente para sua destituição do cargo.
Nem sequer se enquadraria no termo “motivo”. O sentimento da equipe que
primeiramente era de surpresa e descrença, transformou-se em uma mistura de
revolta, indignação, tristeza e, sobretudo, injustiça. Foi decidido naquele
mesmo dia que alguma coisa deveria ser feita para expressar aqueles sentimentos
e, quem sabe, reverter a situação. Optou-se por uma medida pacífica e
democrática, materializada neste manifesto assinado por membros pertencentes
principalmente à Gerência de Operações e ainda funcionários de empresas que
atuam no pátio de manobras.
Mesmo
eu não fazendo mais parte, por opção própria, do quadro de fiscais de pátio,
alguns colegas sugeriram que eu auxiliasse a elaboração deste documento, posto
que meus sentimentos convergiam com os de toda a equipe. Aceitei a tarefa em
virtude do bom relacionamento que possuo com o Sr. Rubens, meu ex-chefe, mas
principalmente amigo. Elaboramos o documento na sexta-feira para colher as
assinaturas no final de semana, com a finalidade de o entregarmos hoje, 10 de
setembro.
A
princípio a ideia era conseguir assinaturas de funcionários da Infraero
pertencentes somente à Gerência de Operações que conhecessem o trabalho do Sr.
Rubens, mas ao saber do manifesto, funcionários de diversas empresas que atuam
no pátio de manobras fizeram questão de manifestar seu apoio. São pessoas que
convivem quase diariamente com o encarregado, consideram o aeroporto sua
segunda casa, e, por que não dizer a primeira já que passam às vezes mais tempo
no trabalho do que com a suas próprias famílias?
É
este sentimento familiar que muitas vezes rege as relações que poderiam ser
estritamente profissionais. Os colegas se transformam em amigos e os amigos em
parentes. Usar o termo “irmão” para se dirigir ao outro passa a fazer parte do
vocabulário local. E com a construção destas relações fraternais vem também o
sentimento solidário. Fraternidade e solidariedade são palavras muito comuns no
ambiente eclesiástico, mas não estou falando de igreja alguma. Estou me
referindo a 250 pessoas representadas por suas assinaturas, quase todas elas
colhidas apenas em um dia, em um período de 8 horas. Estou falando de pessoas
que prestaram sua solidariedade, seu apoio, sem ter nada a ganhar com isso
financeiramente.
Durante
a coleta das assinaturas os elogios ao encarregado eram frequentes, aludiam a
diversas situações de convívio com ele nestes anos todos. Perguntavam o porquê
de seu afastamento. Procurei sempre me dirigir aos funcionários ligados ao
setor de operações, mas não era incomum pessoas de outras gerências se
dirigirem a mim para assinar o documento. Foi um dia, pelo que soube, atípico
no pátio de manobras. Algumas pessoas acenavam para o Rubens dizendo: “Estou te
apoiando!” outras diziam “Já assinei o negócio lá”. Parecia dia de eleição.
Procuramos não envolvê-lo nesta empreitada e o mesmo, por questões éticas
acredito, também não quis indagar a fundo o que acontecia, posto que já desconfiasse.
Embora
já tenha ouvido o Sr. Bellini dizer quando ainda era coordenador que mesmo que
alguns pudessem considerar o serviço no pátio como castigo, na verdade ele não
deveria ser encarado desta maneira, pois pode ser muito prazeroso. E de fato acredito
mesmo que seja para muitos, inclusive para mim. O que ocorre é que diversas
vezes alguns funcionários são contratados ou transferidos para lá sem
concordarem. A ideia de migrarem para o pátio como castigo não é bem um mito.
Em algumas situações acredito que ocorrera sim. Mas o cerne da questão é que a
permanência de um funcionário em determinado local de trabalho sem sua anuência
gera inevitavelmente insatisfação e, consequentemente, desmotivação. Pois bem,
agora vou direto ao ponto. O que o Sr. Rubens muitas vezes conseguiu foi
motivar estas pessoas, transformar um grupo de funcionários a princípio pouco
coesos em uma equipe. Mesmo não podendo escolher os membros que a comporiam.
Algumas vezes o fez com bastante êxito, outras nem tanto, como todo ser humano.
Mas de qualquer forma, não me recordo de um abaixo assinado para manter uma
pessoa no cargo. Já soube de documentos deste teor para destituir chefes
considerados incompetentes, mas para manter não. Desculpe-me se eu estiver
errado.
Finalizando,
gostaria de mais uma vez me desculpar se não consegui a objetividade esperada
neste breve esclarecimento e se outras o texto pareceu emotivo em determinados
trechos. Ocorre que a motivação do manifesto foi justamente pelos sentimentos
citados no início e as assinaturas, na maioria das vezes, também foram escritas
com a tinta da indignação e da solidariedade. Muitos dos que aqui manifestaram
seu apoio acreditam que ainda possa haver justiça nesta empresa, que as
decisões arbitrárias possam ser corrigidas e os equívocos reconhecidos. Assim
esperamos.
Em nome de toda a
equipe de operações,
Clayton Fontes Rego
Fiscal de TPS e Ex-Fiscal de Pátios SBGR
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