comentário recentes:


Marcus Vinicius De Salvo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Diversos (by Zé Carioca)":

"Colegas na UNG
Ainda estão sem nada definidos."

Exatamente, sem nada definido com relação a local de trabalho e data do fim de nossa estadia na UnG. A data limite que seria dia 19 de abril foi prorrogada para o meio de maio, que já foi prorrogada para o fim de maio, que agora aparentemente será prorrogada de novo, já que nossa nova instrutora de um curso falou que foi solicitada para vir de seu aeroporto de origem para ficar aqui até 7 de junho.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

A estrutura de poder nas empresas públicas, o jeitinho e a política


Um episódio nos últimos dias acerca da destituição arbitrária de um encarregado de pátios em SBGR mobilizou mais de duas centenas de pessoas a favor da revogação do ato administrativo que ainda seria publicado e ratificaria a perda de seu cargo. O coordenador e o gerente de operações mantiveram sua decisão, demonstrando com isso o caráter centralizador, hierárquico e nada democrático de poder no interior da empresa pública.

A atual e arcaica estrutura de poder que rege a administração da empresa pública, em que os cargos são considerados função de confiança, favorece o apadrinhamento, a ineficiência, a corrupção, o desperdício de pessoal qualificado, além de desmotivar uma gama de funcionários que realmente trabalham e se dedicam, mas nunca são promovidos por não se submeterem às regras moralmente questionáveis daqueles que detém o poder.

É muito comum no interior destas empresas, e a Infraero é o exemplo na qual me baseio, mas que pode estendido às demais empresas do gênero, os tais “jabutis no galho”. Expressão uma vez utilizada pelo então Ministro da Defesa Nelson Jobim quando se referia ao quadro da Infraero ocupado  por indicações políticas, sobretudo PT e PMDB, que formam a coalizão que governa nosso país. “Jabuti não sobe em árvore e se está lá é porque alguém colocou”. O mesmo muitas vez acontece com os cargos de confiança no interior dessas empresas. Pessoas sem conhecimento, capacidade e experiência necessárias são nomeadas para ocuparem estes cargos. O resultado não é difícil imaginar.

Pessoas altamente capacitadas, com às vezes décadas de experiência, dezenas de cursos são mantidas no ostracismo por questionarem o funcionamento destas instituições e por defenderem e praticarem os princípios nos quais acreditam. Perde a empresa e perde a sociedade como um todo que tem de sustentar um modelo falido de administração. Os exemplos disso tudo estão aí: É o Tribunal de Contas da União embargando obras superfaturadas, frequentes sindicâncias, o Ministério Público condenando a Infraero a devolver dinheiro aos cofres pelo mal uso dele, como no caso do Terminal 4 recém inaugurado em que a obra foi contratada junto a construtora Delta sem licitação, sem falar de outros tantos contratos milionários em que empresa X é beneficiada com a justificativa de serem contratos emergenciais. Deixa-se propositadamente a situação ficar crítica para dispensar a licitação. E o preenchimento dos cargos de confiança? Se fosse entrar em maiores...

Basta dizer que o apadrinhamento pelos motivos mais escusos possíveis é o que muitas vezes rege o preenchimento destas vagas. Os exemplos são muitos e, por questões éticas, palavra que estes padrinhos desconhecem, abster-me-ei de citar nomes aqui. É considerado natural assistir determinada gestão sindical enxertar “companheiros” sem nenhum respaldo nestes cargos; secretária, dessas que atendem telefone, marcam reunião e fazem outros serviços, virar coordenadora da noite para o dia; pessoas sem cargo virarem gerentes em espaço de tempo relâmpago, tipo blitzkrieg mesmo; outras que são promovidas prejudicando os colegas, as chamadas “traíra”.

Por final, gostaria de dizer que não tenho tempo e disposição para me ressentir com qualquer pessoa que tenha se achado citada no texto. Não citei nomes porque a crítica, embora utilize exemplos observáveis, é com o sistema como um todo e não ao indivíduo em si. Acredito que é a configuração destas instituições, juntamente com a cultura predominante da vantagem, do “jeitinho”, da troca de favores que produza e reproduza comportamentos assim. Estes h´´abitos estão nas grandes instituições porque primeiramente foram ratificados no âmbito ordinário. É o sujeito que fura a fila do banco, que ao perceber o troco a mais na padaria fica quieto, que vende o voto a troco de uma cesta básica. Estes comportamentos podem ser tão comuns que passam a ser naturalizadas pelo corpo social.

Hoje mesmo presenciei uma situação em que dois funcionários de uma companhia aérea empurravam um cadeirante, passando pela fila de prioridade na imigração e na alfândega que, diga-se de passagem, estava um verdadeiro inferno por conta de uma fiscalização mais detalhada. Até aí normal, tem de haver fiscalização e tem de haver fila de prioridade. No entanto o cadeirante era uma pessoa que aparentava vender e distribuir saúde. Resolvi disfarçadamente seguir as duas almas caridosas e assim que chegaram ao saguão de desembarque o passageiro quase que por um milagre se levanta, agradece os colaboradores, pega suas bagagens e sai caminhando alegremente. Está tudo registrado na coordenação de segurança.

Não esqueçamos ainda que políticos nomeados por meio de eleição direta são representantes da população, ou de uma parte dela, o que pode representar um comportamento como este senão outro igual? Não me admiro quando ouço escândalos de corrupção de vereadores e deputados, acharia estranho e excepcional um exemplo de honestidade. Mas, felizmente, temos muitas pessoas honestas e conscientes em nossa sociedade e também políticos que as representam. São estas que ainda me fazem acreditar que o nosso país tem solução.