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Marcus Vinicius De Salvo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Diversos (by Zé Carioca)":

"Colegas na UNG
Ainda estão sem nada definidos."

Exatamente, sem nada definido com relação a local de trabalho e data do fim de nossa estadia na UnG. A data limite que seria dia 19 de abril foi prorrogada para o meio de maio, que já foi prorrogada para o fim de maio, que agora aparentemente será prorrogada de novo, já que nossa nova instrutora de um curso falou que foi solicitada para vir de seu aeroporto de origem para ficar aqui até 7 de junho.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

APRESENTAÇÃO


Mapeamento de perfil. É essa a expressão que o grupo Invepar está utilizando para realizar uma peneira dos funcionários da INFRAERO lotados em SBGR dos quais afirmam querer contratar. Após este processo relâmpago que pretensiosamente objetiva conhecer cada trabalhador a fim de que no final sejam feitas “propostas comerciais” a cada um de nós. Compreensível.

Em meio a um cenário nebuloso em que até agora nada se tem de concreto com relação à política que o grupo Acsa-Invepar adotará em Cumbica, a única certeza é que em poucos meses a vida de mais de 1400 famílias deve mudar drasticamente. Muitos de nós adotamos este aeroporto como sendo nossa segunda casa e, em alguns casos, por que não dizer a primeira? A vida de muitos de nós foi alicerçada em São Paulo, em Guarulhos, em Cumbica, no aeroporto, na INFRAERO... Alguns misturaram a massa para o concreto do alicerce do prédio e estão até hoje conosco. Como dizem, “foram pegos no laço” em um período que trabalhar para o governo não era tão atrativo como hoje pode ser hoje.

Mas os tempos mudaram, os tempos mudam. É a impermanência da vida, o jogo do poder, o poder do capital. Quanto custa um aeroporto? R$ 16.213.000.000,00 segundo a Invepar. E quanto custa desestabilização da vida de um trabalhador? E de mais de 1400 deles? E de suas famílias? E quanto custa as amizades de uma criança cujos pais foram atingidos pela política petista de concessões e que agora todos terão de mudar de casa, de cidade, de estado, de vida, de futuro? Alguns dizem que isso é o progresso. Mas “Quem construiu Tebas, a cidade das sete portas? Nos livros estão nomes de reis; mas os reis carregaram pedras?” (Bertold Brecht).

Caso o aeroporto seja bem administrado, os jornalistas elogiarão a concessionária. Mas a Invepar sabe onde é a cabeceira 09 esquerda? Sabe espantar os carcarás da pista quando o B-777-300 está na final? Sabe agir numa situação de CVE? Sabe o que diz o anexo 14? Sabe quais são as medidas da rampa virtual? Sabe que raios é rampa virtual? A INFRAERO sabe? Eu sei que o fulano de tal setor sabe , o beltrano daquele outro também e eu aprendi alguma coisa. O conhecimento não está nas mãos das instituições, mas sim dos agentes. A INFRAERO não possuía ativos já que os aeroportos eram concessões da União. Os ativos dela são os próprios trabalhadores que detêm o conhecimento. Mas e se o aeroporto for mal administrado? No metrô do Rio atrasos e inoperância já fazem parte da rotina dos cariocas. Aí se costuma responsabilizar a administração anterior e não a Invepar. Mas o que de fato acontece por lá? Como será em Guarulhos? Qual é a política da Invepar em relação aos trabalhadores de suas concessões? O que farão com os trabalhadores que para lá migrarem após absorverem o conhecimento que julgarem necessário para tocar o barco? Em uma das reuniões perguntaram se após cincos anos não seríamos demitidos e logo veio a resposta: “Se você é uma pessoa que gera resultados vamos continuar com você”. Mas o que entendem por “gerar resultados”? Que subjetividade está aí implícita? Qual corrente da administração adotam?

Como se nota, este grupo deseja nos conhecer, saber o quanto e como podemos contribuir com seus investidores. Quanto cada um pode gerar de lucro (os tais resultados?). Mas em um relacionamento também devemos conhecer a contraparte. O que a Invepar tem a nos oferecer? Os companheiros de suas concessões estão satisfeitos com os salários, benefícios e política administrativa? Qual o valor que atribuem aos recursos humanos? Que política os norteiam para obtenção do lucro? Creio que somente realizando essas problematizações poderemos deixar a passividade para a condição de agentes nesse processo. Somente reconhecendo o devido valor que possuímos, o conhecimento que adquirimos, a importância que temos é que se realiza a plena condição de negociarmos qualquer coisa. Se o valor de um trabalhador tem de ser quantificado em preço, porque o mercado assim o exige, então lutemos para que seja algo valioso, como realmente é.

A proposta dessa página é que, com a contribuição de todos, possamos reunir informações úteis acerca de todos os envolvidos neste processo com a finalidade de tomarmos a melhor decisão. Tal qual em um processo eleitoral em que é preciso conhecer os candidatos para exercer o voto consciente. A diferença é que em nosso caso não podemos votar nulo. Obrigatoriamente temos de discutir, trocar informações. Se alguns podem achar que o voto individual tem pouco peso na escolha do destino da nossa cidade, estado ou país, fica difícil sustentar que a escolha aqui não fará toda a diferença em nossas vidas e de nossas famílias. 

Portanto divulguemos esta página, postemos informações, troquemos ideias. Aqui deve ser um espaço amplo e democrático, aberto a todos, inclusive ao concessionário. Para que todos possam escrever sem medo, a identificação não é obrigatória. Encerro esta breve apresentação com um poema do grande dramaturgo alemão Bertold Brecht. Abraço a todos!

Clayton Fontes Rego

“Fragen eines lesenden Arbeiters”
(Perguntas de um trabalhador que lê).
Quem construiu Tebas, a cidade das sete portas?
Nos livros estão nomes de reis; os reis carregaram pedras?
E Babilônia, tantas vezes destruída, quem a reconstruía sempre?
Em que casas da dourada Lima viviam aqueles que a
edificaram?
No dia em que a Muralha da China ficou pronta,
para onde foram os pedreiros?
A grande Roma está cheia de arcos-do-triunfo:
quem os erigiu? Quem eram
aqueles que foram vencidos pelos césares? Bizâncio, tão
famosa, tinha somente palácios para seus moradores? Na
legendária Atlântida, quando o mar a engoliu, os afogados
continuaram a dar ordens a seus escravos.
O jovem Alexandre conquistou a Índia.
Sozinho?
César ocupou a Gália.
Não estava com ele nem mesmo um cozinheiro? Felipe da
Espanha chorou quando sua frota
naufragou. Foi o único a chorar?
Frederico Segundo venceu a guerra dos sete anos. Quem
partilhou da vitória?
A cada página uma vitória.
Quem preparava os banquetes comemorativos? A cada dez anos
um grande homem.
Quem pagava as despesas?
Tantas informações.
Tantas questões.